quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coragem!

Texto feito para o culto noturno de advento do dia 01/12:

Naquele dia abrir-se-á a tua boca para com aquele que escapar, e falarás, e não mais ficarás mudo; assim virás a ser para eles um sinal, e saberão que eu sou o SENHOR. (Ezequiel 24.27)


CORAGEM!


Ezequiel foi profeta quando o povo de Israel estava na Babilônia entre os anos 293 e 571 a.C. De fato, a atividade profética de Ezequiel aconteceu em plena fase que antecedeu a destruição de Jerusalém, e enquanto o povo hebreu estava no período de cativeiro na Babilônia. Ele viveu entre os exilados, suas profecias eram feitas entre as pessoas deportadas para as terras estranhas da Babilônia, pessoas que estavam longe de seus lares, de sua terra. A comunidade na qual o profeta vivia, era refém de um pensamento que estava atrelado ao passado, eles acreditavam que em breve tudo voltaria a ser como antes. Porém, ele sabia que esse passado não era mais possível, e muita coisa teria de ser reconstruída em meio ao povo.

Ou seja, Ezequiel não trazia boas notícias, para um pessoal que já não se encontrava em boas condições. E ele tinha que falar. Como podemos ver no versículo, (“e falarás”) essa era uma ordem direta de Deus! E como a maioria dos profetas, Ezequiel era marcado por uma característica: coragem.

Entretanto, como de qualquer profeta, a coragem de Ezequiel não vinha dele mesmo, da sua criação, ou do seu caráter. Pelo contrário, vemos que muitos dos profetas têm medo de falar, não se acham capazes, têm receio da reação das pessoas... Porém, Deus lhes dá a Sua coragem. O próprio nome de Ezequiel é testemunho disso, significa “Deus fortalecerá”. Mas aqui, quando usamos a palavra coragem, não é a bravura, os grandes feitos, dos heróis de cinema ou de contos de fada.

Não, aqui a coragem é outra. É a coragem de abrir mão de si, de deixarmos nossas vontades e desejos de lado, nossa humanidade, e nos colocarmos inteiramente nas mãos de Deus, dentro dos Seus desígnios. Quando o Senhor diz a Ezequiel que ele Lhe servirá de sinal, isso é entregar-se nas mãos de Deus, se dispor a ser usado total e completamente por Deus. Uma pessoa que está comprometida com qualquer outra coisa, antes de estar comprometida com Deus, dificilmente consegue ser um sinal, pois em algum momento, tomado pelo medo (ou pela falta de coragem), vacilará.

E o tempo de advento, é um tempo de entregar-se a Deus, tempo de coragem. Por que coragem? Porque, em meio ao mundo em que vivemos, é necessário ter coragem para nos firmarmos enquanto cristãos, falarmos o que Deus nos manda falar, fazer o que Deus nos manda fazer, sermos um sinal, assim como Ezequiel foi. Ele teve de ser um diferencial dentro do lugar em que estava inserido.

Enquanto o povo lamentava a perda do que lhes era mais caro (a terra natal, o templo, a liberdade enquanto povo), Ezequiel perde a sua esposa, e mesmo assim Deus o ordena nos versículos 16 e 17 que “não lamentasse, nem chorasse, nem que lhe corressem as lágrimas. Que gemesse em silêncio e que não fizesse luto por mortos. Que amarrasse o turbante, calçasse seus sapatos, e que não fechasse seus lábios”. Mesmo depois da morte de sua mulher, Ezequiel deveria permanecer firme, ser forte e falar o que Deus lhe mandava. Ele devia ser um sinal, um exemplo. Ele deveria permanecer e aguardar no Senhor. Ezequiel também vivia um advento.

Assim é conosco hoje também. Parecemos perder tudo o que nos é caro. Além disso, estamos em um mundo tecnocrata, onde todas as falsas promessas de felicidade e garantia de futuro residem nas descobertas, na evolução da tecnologia, dominada pelo ceticismo e pelo individualismo. E, nesse mundo, estar em comunhão com outras pessoas, crendo e esperando a volta de Jesus, parece loucura, parece não fazer sentido. É entender, como Ezequiel queria dizer, que o passado não vai voltar, mas que em Deus temos um futuro novo e perfeito nos esperando, e a nós, cabe confiar e esperar, viver um advento. E para disso, devemos pedir a Deus por coragem

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