terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Companheirismo!

Texto feito para o culto noturno de advento do dia 06/12:

Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. (2 Timóteo 3.14)


Esse versículo foi escrito por Paulo para Timóteo, em sua segunda carta para ele. Segundo alguns estudiosos da Bíblia, essa é uma das últimas cartas de Paulo que constam na Bíblia, ou seja, ele estava “em fim de carreira”, parafraseando o próprio apóstolo. Além disso, quando escreveu, Paulo estava enfrentado a prisão em Roma pela segunda vez.
Conforme podemos ver em alguns trechos desta e da primeira epístola, Paulo tinha a Timóteo como um “amado filho”, demonstrando que Timóteo foi um grande amigo e seguidor dos passos de Paulo. E por ele, o apóstolo nutre grande carinho e demonstra preocupação.
Nessa época, Timóteo havia ficado na cidade de Éfeso, com o intuito de corrigir “certas pessoas” que estavam promovendo alguns erros doutrinários (cf. 1 Timóteo 1:3), uma tarefa que talvez pudesse ser pesada para um jovem como ele. E, além disso, Paulo adverte-o constantemente que tempos trabalhosos virão pela frente.
Devemos entender que a frase de Paulo, demonstra que tempos difíceis estavam também acontecendo, conforme os versículos anteriores. O apóstolo fala de perseguições, enganações, e de como os “homens maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados”. Timóteo, porém, deveria permanecer firme naquilo que sabia, sabendo de onde vinha esse saber. Quanta coragem de Paulo! Mesmo sendo perseguido, estando preso pela segunda vez pelo seu próprio império, ainda assim ele exorta Timóteo a permanecer em tudo o que havia aprendido, e lembrando-se sempre de onde o havia aprendido. Timóteo devia ser firme, andar reto nos caminhos do Senhor. E o que, em resumo, Paulo quer dizer a Timóteo, pode ser encontrado em 2 Tm 4:5: “Cumpre o teu ministério”.
A relação de carinho que Paulo tem para com Timóteo, pode servir a nós como exemplo, da relação que Deus quer ter conosco. Deus nos ama, mas quer que cumpramos o nosso ministério, pois todos temos um sacerdócio próprio para cumprir, seja na igreja, no trabalho ou em casa. E para tal, Deus nos chama para que permanecermos naquilo que temos aprendido, sabendo de onde o aprendemos, estando conscientes e firmes, para não nos perdermos no caminho.
Entretanto, quantas vezes nos deixamos desanimar para com as adversidades, com as perseguições. Quantas vezes nos esquecemos de o que Jesus passou, do grande exemplo que temos, e mesmo assim nos queixamos e agimos como se “o mundo fosse acabar”.
Entretanto, olhemos para Paulo. Lá está ele preso, com a perspectiva de ser morto, longe de todas e todos, mas mesmo assim, ele insiste para que Timóteo não esmoreça, que siga adiante em seu caminho, sempre debaixo da sabedoria do Senhor.
É como a história das pegadas na areia. Quantas vezes caminhamos lado a lado com Deus, e, ao olhar para trás na nossa vida, vemos sempre dois pares de pegadas que ficaram pelo caminho. Porém, há momentos em que olhamos para trás e vemos apenas um par de pegadas. Reclamamos e questionamos “onde estava Deus?” É quando Ele nos mostra que só há um par porque estávamos sendo carregados por Ele.
E Paulo, foi carregado por Deus em muitos momentos da sua vida, e sabia que o Senhor sempre estaria pronto para ajudá-lo em qualquer momento. E foi isso que ele também quis passar para Timóteo nessa carta, que devemos ter confiança em Deus.
E para nós, podemos entender que Paulo, além de tudo isso já dito, também quis demonstrar que devemos estar sempre prontos para ser um apoio para os nossos irmãos e irmãs, seja qual for a nossa situação. E isso, não porque devemos ser super-homens, ou sobre-humanos, mas sim por conta do apoio que temos de Deus e daquilo que temos aprendido dEle, que pode nos dar a base e a força para ajudarmos uns aos outros enquanto comunidade, sempre encorajando-se mutuamente, e nutrindo uns aos outros com a esperança de Cristo ressuscitado na cruz.
Esperança essa, que é a marca do advento, que é o motivo de toda essa espera que nos propomos simbolicamente ano após ano. Devemos nos espelhar em Paulo, quando em frente a todas as adversidades, recomendava a perseverança, e mostrava a confiança que tinha em Deus. Devemos nos espelhar em Timóteo, que ouvia os conselhos daqueles que lhe queriam bem. E acima de tudo, devemos ter em mente o objetivo do advento: esperar em Jesus Cristo, que vem para reinar, com aqueles que permaneceram no que Ele ensinou!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Breve pausa para o "mundano"








Agora, voltaremos com a programação normal...



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coragem!

Texto feito para o culto noturno de advento do dia 01/12:

Naquele dia abrir-se-á a tua boca para com aquele que escapar, e falarás, e não mais ficarás mudo; assim virás a ser para eles um sinal, e saberão que eu sou o SENHOR. (Ezequiel 24.27)


CORAGEM!


Ezequiel foi profeta quando o povo de Israel estava na Babilônia entre os anos 293 e 571 a.C. De fato, a atividade profética de Ezequiel aconteceu em plena fase que antecedeu a destruição de Jerusalém, e enquanto o povo hebreu estava no período de cativeiro na Babilônia. Ele viveu entre os exilados, suas profecias eram feitas entre as pessoas deportadas para as terras estranhas da Babilônia, pessoas que estavam longe de seus lares, de sua terra. A comunidade na qual o profeta vivia, era refém de um pensamento que estava atrelado ao passado, eles acreditavam que em breve tudo voltaria a ser como antes. Porém, ele sabia que esse passado não era mais possível, e muita coisa teria de ser reconstruída em meio ao povo.

Ou seja, Ezequiel não trazia boas notícias, para um pessoal que já não se encontrava em boas condições. E ele tinha que falar. Como podemos ver no versículo, (“e falarás”) essa era uma ordem direta de Deus! E como a maioria dos profetas, Ezequiel era marcado por uma característica: coragem.

Entretanto, como de qualquer profeta, a coragem de Ezequiel não vinha dele mesmo, da sua criação, ou do seu caráter. Pelo contrário, vemos que muitos dos profetas têm medo de falar, não se acham capazes, têm receio da reação das pessoas... Porém, Deus lhes dá a Sua coragem. O próprio nome de Ezequiel é testemunho disso, significa “Deus fortalecerá”. Mas aqui, quando usamos a palavra coragem, não é a bravura, os grandes feitos, dos heróis de cinema ou de contos de fada.

Não, aqui a coragem é outra. É a coragem de abrir mão de si, de deixarmos nossas vontades e desejos de lado, nossa humanidade, e nos colocarmos inteiramente nas mãos de Deus, dentro dos Seus desígnios. Quando o Senhor diz a Ezequiel que ele Lhe servirá de sinal, isso é entregar-se nas mãos de Deus, se dispor a ser usado total e completamente por Deus. Uma pessoa que está comprometida com qualquer outra coisa, antes de estar comprometida com Deus, dificilmente consegue ser um sinal, pois em algum momento, tomado pelo medo (ou pela falta de coragem), vacilará.

E o tempo de advento, é um tempo de entregar-se a Deus, tempo de coragem. Por que coragem? Porque, em meio ao mundo em que vivemos, é necessário ter coragem para nos firmarmos enquanto cristãos, falarmos o que Deus nos manda falar, fazer o que Deus nos manda fazer, sermos um sinal, assim como Ezequiel foi. Ele teve de ser um diferencial dentro do lugar em que estava inserido.

Enquanto o povo lamentava a perda do que lhes era mais caro (a terra natal, o templo, a liberdade enquanto povo), Ezequiel perde a sua esposa, e mesmo assim Deus o ordena nos versículos 16 e 17 que “não lamentasse, nem chorasse, nem que lhe corressem as lágrimas. Que gemesse em silêncio e que não fizesse luto por mortos. Que amarrasse o turbante, calçasse seus sapatos, e que não fechasse seus lábios”. Mesmo depois da morte de sua mulher, Ezequiel deveria permanecer firme, ser forte e falar o que Deus lhe mandava. Ele devia ser um sinal, um exemplo. Ele deveria permanecer e aguardar no Senhor. Ezequiel também vivia um advento.

Assim é conosco hoje também. Parecemos perder tudo o que nos é caro. Além disso, estamos em um mundo tecnocrata, onde todas as falsas promessas de felicidade e garantia de futuro residem nas descobertas, na evolução da tecnologia, dominada pelo ceticismo e pelo individualismo. E, nesse mundo, estar em comunhão com outras pessoas, crendo e esperando a volta de Jesus, parece loucura, parece não fazer sentido. É entender, como Ezequiel queria dizer, que o passado não vai voltar, mas que em Deus temos um futuro novo e perfeito nos esperando, e a nós, cabe confiar e esperar, viver um advento. E para disso, devemos pedir a Deus por coragem