sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Dando a César o que é de Deus

Ultimamente, tem rolado pela internet um vídeo do Pastor Paschoal Piragine, da 1° Igreja Batista de Curitiba. Eu, ao menos, recebi esse vídeo umas três vezes de três pessoas diferentes. Normalmente, costumo ignorar esse tipo de e-mail, mas esse eu acabei assistindo, e me levou à diferentes reflexões.

O Pr. Piragine vai fazer a sua reflexão em cima da iniqüidade, e vai falar sobre temas que “abalam” o mundo da cristandade igrejeira. Aborto, por exemplo. Aqui, cabe a opinião e a liberdade de pensamento de cada um, do que acha ou não acha dos temas “escancarados” no filme sensacionalista apresentado pelo Pastor (escancarados sim, com imagens chocantes e desnecessárias de fetos humanos mortos, para citar o mínimo).

Até aí, nenhuma novidade no discurso do Pastor, a não ser a partir do momento em que ele escolhe um alvo para demonizar. Alegando que faria algo que não fez em 30 anos de púlpito, ele dá nome aos bois. Elege o PT como o partido da iniqüidade, que levará adiante leis que amordaçarão a cristandade brasileira, e outras coisas do tipo. O que o leva a pensar que qualquer outro partido agirá de forma diferente?

Bom, fica claro que o Pastor Piragine não posiciona-se por qualquer outro partido, mas aí entra uma questão dialética. Se ele coloca um como “o demônio”, significa que para ele, outro partido seja “divino”, o salvador do mundo. O Pastor coloca nas mãos do Estado a função de combater a iniqüidade, relegando aos “representantes populares” a tal da moralização que ele acha necessária. Ou seja, está dando a César o que é de Deus.

Me entristece ver tal comentário feito num púlpito da Igreja Batista, igreja na qual comecei a minha vida cristã, pela qual tenho tanto carinho. Me entristece ainda mais que tenha sido ferido um dos princípios mais defendidos pelos Batistas no mundo – e enfatizado na Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira – a liberdade de consciência.

Isso me fez pensar em Karl Barth, quando estava na Alemanha e vê o Nacional Socialismo ascender ao poder, onde ele diz que tristemente vê “o seu querido povo alemão começar a adorar um falso deus”. Aqui, longe de querer fazer qualquer comparação histórica, vejo também com tristeza pastores que levam o meu querido povo cristão a adorarem falsos deuses.

Para aqueles que quiserem entender do que estou falando, segue abaixo o link do vídeo:


http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI&feature=player_embedded

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